A percentagem de alunos sinalizados com características de sobredotação na Região situa-se dentro da média nacional: ou seja entre dois a cinco por cento da população.
Desde 1995 que a Região trabalha com crianças/jovens com características de sobredotação ou potencialmente sobredotados, inicialmente através do Programa Regional de Apoio à Sobredotação e, actualmente, através da Divisão de Investigação em Educação Especial, Reabilitação e Sobredotação (DIEERS). Daí ter vindo a desenvolver estudos sobre esta temática e criado programas de enriquecimento curricular para responder às necessidades desta população.
A coordenadora da Divisão de Investigação em Educação Especial, Reabilitação e Sobredotação, Conceição Ramos, fala da necessidade de sensibilizar/informar toda a comunidade educativa sobre este tema, no sentido de uma melhor sinalização/identificação dos alunos junto das escolas.
Depois deste primeiro passo, "iremos intervir, ajustando programas às necessidades específicas de cada um, de modo a promover respostas diferenciadas e enriquecedoras nas áreas do talento. Isto porque, conforme defende aquela responsável, "só uma identificação e intervenção adequadas ajudarão o aluno a uma maior potenciação e manifestação das suas capacidades, assim como o reconhecimento e a valorização das mesmas".
Segundo Conceição Ramos, "para sinalizar uma criança/jovem com características de sobredotação, é necessária a intervenção de uma equipa multidisciplinar composta por docentes, psicólogos e outros técnicos, até porque "o conceito de sobredotação é multifacetado e tem de ser visto como um processo".
A avaliação destes alunos, segundo a coordenadora da DIEERS, deverá contemplar várias áreas e dimensões do seu comportamento e atender aos diferentes contextos onde o aluno se encontra.
"As crianças sobredotadas são diferentes e há vários níveis e graus de sobredotação", afirma Conceição Ramos, a qual sublinha que estudos actuais apontam para a importância de uma orientação ao aluno sobredotado e à sua família de um sistema educacional que reconheça e atenda às necessidades desse aluno nas áreas não só cognitiva e intelectual, mas também social e emocional.
Refira-se que a DIEERS tem parcerias externas com as Universidades do Minho, da Madeira, com as direcções regionais da Juventude, da Educação e com estabelecimentos de ensino, museus e até com as próprias famílias.
Sobredotado "não é alguém que sabe tudo"
A Coordenadora da Divisão de Investigação em Educação Especial, Reabilitação e Sobredotação diz que o aluno sobredotado não é alguém que sabe tudo, que é auto-suficiente e que não precisa de ajuda.
"Não é correcto pensar-se que, face às suas altas habilidades e talentos, este terá que ser excelente em todos os domínios da sua pessoa, comportamento cognitivo e de aprendizagem. Muitas vezes, estes alunos possuem dificuldades, pese embora a relevância das suas qualidades particulares", defende Conceição Ramos. A psicóloga adianta que estes alunos funcionam dentro de um esquema cognitivo diferente do habitual, marcado pelo pensamento divergente e tratamento não sequencial da informação, mais facilmente "chocam" com o ensino dito tradicional.
Assim, conforme adianta, "a sua inclusão na sala de aula requer, por parte dos professores, estratégias pedagógicas adequadas às suas necessidades" diz Conceição Ramos. Ainda segundo a Coordenadora da Divisão de Investigação em Educação Especial, Reabilitação e Sobredotação, diversos estudos têm demonstrado que existem alunos com altas habilidades que passam despercebidas aos professores. Estes alunos, às vezes, são rotulados de "problemáticos", com dificuldades relacionadas com o seu comportamento nas aulas (atenção, interesses, tarefas escolares, desempenho social).
Segundo e terceiro ciclos são uma realidade a atender
A "DIEERS faz estudos longitudinais em algumas escolas, os quais visam uma maior sensibilização sobre a temática e uma melhoria nos mecanismos de actuação com estes alunos . "É nossa objectivo dar continuidade à intervenção nos 2.º e 3.º ciclos, secundário e sempre que os alunos, os pais e os professores nos solicitem", diz-nos Conceição Ramos.
"De acordo com as nossas atribuições, colaboramos na avaliação de todos os projectos nesta área, na identificação e acompanhamento", refere ainda aquela responsável. Considerando que muitos pais têm ideias erradas quanto à sobredotação, Conceição Ramos diz que há quem considere que estas crianças são alvo de discriminação.
"Na minha opinião, essa discriminação é feita pelos próprios adultos", refere a coordenadora da Divisão de Investigação em Educação Especial, Reabilitação e Sobredotação.
No entender de Conceição Ramos, tanto adultos, como crianças devem estar preparados para a diferença. ""Todos somos diferentes e em relação a isso, temos de tratar com as coisas de uma forma normal e estar habituados a lidar com a própria diferença. Uns são bons numas coisas e outros são bons noutras", considera a coordenadora da Divisão de Investigação em Educação Especial, Reabilitação e Sobredotação.