A MONO-Famílias Monoparentais Online é uma iniciativa que tenho vindo a desenvolver há cerca de um ano.
Como família monoparental, apercebo-me facilmente das dificuldades que se apresentam a estas famílias, quer no campo social, económico ou psicológico, entre todas as esferas da acção familiar.
A partir da minha experiência pessoal, procurei encontrar outras pessoas com quem trocar experiências e criei um blogue, um grupo de discussão e uma petição online. Tenho recebido inúmeros contactos via email e telefone em busca de apoio e, neste momento, a MONO está em vias de se tornar uma organização formal.
Por coincidência, a Cláudia, uma mãe solteira, teve exactamente a mesma ideia: criar uma associação de famílias monoparentais. Um dia leu no jornal sobre a petição da MONO e contactou-me. Unimos os projectos e, por outra feliz coincidência, a MONO ia promover uma venda de roupa de criança ao preço simbólico de 1 Euro e a Cláudia é dona de uma loja de roupa de criança em segunda mão! Conversámos e chegámos à conclusão que partilhamos dos mesmos objectivos: uma família monoparental não é só mãe ou pai e crianças, há as situações de viuvez, os idosos que vivem com um dos filhos ou mais, os adultos sós que adoptaram, enfim, para nós basta haver um progenitor e um dependente para falarmos de família monoparental.
Contudo, projectos destes merecem uma atenção permanente e uma dinâmica em que outros já estabelecidos podem contribuir. Assim, teremos que contar com gente de "dentro", as famílias monoparentais, e gente de "fora", organizações e outros. Todos os dias há contactos a fazer e respostas a dar.
As situações de divórcio e as dificuldades financeiras são as que pedem mais urgência e atenção. Para lhes darmos resposta, temos que oficializar a MONO como Instituição Privada de Solidariedade Social. Concorremos ao Programa Mais, uma iniciativa da Microsoft para a Cidadania, e estamos a preparar outras propostas para o arranque com financiamento assegurado.
Entretanto, vamos reunindo apoios, já temos um psicólogo, mais de vinte voluntários prontos a ajudar, mais de 300 assinaturas na petição, o número de visitas no blogue aumentou e os emails não param de chegar.
No texto da petição de apoio a famílias monoparentais (http://www.petitiononline.com/1495038/petition.html) realçamos que: "Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) estas são as famílias em maior risco de pobreza e sem emprego fixo. No topo dos agregados familiares em risco de pobreza estão as famílias compostas por um adulto e crianças dependentes (41%). Em segundo lugar, os idosos a viver sós (40%) e em terceiro, as famílias compostas por dois adultos com três ou mais crianças dependentes (38%). Em relação ao emprego, a percentagem de agregados sem emprego com crianças dependentes subiu de 56% em 2004 para 73% em 2006."
Olhando para estes dados percebemos como é preocupante a situação da maioria dos monoparentais, e se acrescentarmos que em Portugal a maioria das crianças são pobres, temos que começar a apoiar as famílias, seja qual for a sua forma. Para nós, ser monoparental não é condição ou privilégio, é uma consequência mas faz parte da evolução actual e não a podemos ignorar. Em países como a Inglaterra, as famílias monoparentais aumentaram de tal forma que já existe um sistema montado para estas famílias, prevenindo situações de pobreza e exclusão social.
Infelizmente, existe um estigma associado às famílias monoparentais, o fracasso de um projecto de vida. Não é por isso que merecem menos atenção do que as famílias ditas tradicionais. Ser pai ou mãe monoparental não é tarefa fácil, entre compras, levar crianças à escola, limpar a casa, lavar e engomar roupa, cozinhar, ajudar nos TPC, tratar de papeladas, trabalhar, passear com os filhos... poucos terão algum tempo livre e a maioria quase não tem tempo para respirar quanto mais tempo para si próprio/a.
É a estas mães e pais que a MONO quer ajudar.