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Como a culinária pode ajudar crianças com síndrome de Down
27-12-2012
Visão
  Uma tarde passada a cozinhar como estímulo para a autonomia de crianças portadoras de trissomia 21.

As pequeninas mãos sentem a textura delicada da massa filo. Atentos, Rita, Bruno, Vera e Miguel ouvem as instruções de Filipe Pina, chef do restaurante Cantinho do Avillez, para fazerem strudel de queijo cabra, mel e nozes. "Quem quer provar mel?" Quatro indicadores esticam-se. Mmm... adoram! Ao lado, na bancada de cozinha do Kiss the Cook, em Lisboa, espaço para workshops de culinária, Ricardo, Matilde e Carminho preparam o queque de chocolate, com a ajuda do mestre pasteleiro Gilberto Costa, professor na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril. Batem gemas e açúcar, acrescentam manteiga, leite e farinha. Antes de ir ao forno, falta envolver o cacau, o fermento e as claras em castelo. Noutro extremo, Hélder Martins, responsável pela cozinha do Hotel Neya, com uma passagem recente pelo concurso televisivo Top Chef, conta com a preciosa ajuda de Joana, Tiago e Cláudio, para preparar o prato principal da tarde: tiborna de cogumelos e bacalhau.

Numa tarde de sábado chuvosa e fria, uma dezena de rapazes e raparigas, entre os 8 e os 17 anos, a maioria com trissomia 21, participaram na aula organizada por Orquídea Silva, 44 anos, diretora da HIG International, empresa da Póvoa de Varzim, detentora da Prochef, marca de fardas que veste grande parte dos cozinheiros nacionais. Orquídea quer concretizar, em Portugal, o modelo de academia de culinária criado, há cinco anos, no Brasil, pela sua amiga Simone Berti.

Estimular a aprendizagem de competências importantes na autonomia das crianças portadoras daquela doença genética é fundamental.

"A culinária tem aspetos sociais, de autonomia pessoal e ainda de coordenação motora", explica Mónica Pinto, pediatra do neurodesenvolvimento da Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21. "A organização de tarefas e o treino de concentração e de gestão de tempo são importantes no dia a dia de qualquer criança." Inicialmente, o défice cognitivo foi designado de mongolismo, mais tarde como síndrome de Down (nome do médico inglês John Langdon Down) e, por fim o mais assertivo, de trissomia 21, pois resulta da presença de três cromossomas 21, em vez dos dois habituais.

No final do lanche Down Cooking, os participantes vibraram ao receber o diploma e o avental. Em casa, Bruno, Vera, Cláudio ou Ricardo já ajudam, por certo, os seus pais na confeção das refeições.


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