Mais novos sabem que dinheiro é importante para o bem-estar diário, mas dão-lhe menos importância do que os pais. Não há relação entre a felicidade dos mais novos e o rendimento dos pais.
A esmagadora maioria das crianças são felizes. Um estudo de uma professora da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica Portuguesa inquiriu quase 1300 crianças da região Norte. Os mais novos sabem que o dinheiro é importante para o bem-estar diário, mas dão-lhe muito menos importância do que os pais. Apesar da crise e do desemprego, quase 90 por cento das crianças dizem ser muito felizes.
Liliana Fernandes, professora e autora desta tese de doutoramento (que já tem alguns resultados publicados), admite que as crianças pobres tendem a ser tão felizes como as crianças ricas. Não há relação entre a felicidade dos mais novos e o rendimento dos pais.
As crianças inquiridas têm contudo a noção de que o seu bem-estar depende muito dos bens materiais, do dinheiro. Aliás, uma das principais conclusões a que chegou é que o desemprego e uma menor formação escolar dos pais são os factores que mais tendem a afectar negativamente o bem-estar das crianças.
As dificuldades económicas não impedem, contudo, que a esmagadora maioria das crianças afirmem que são muito felizes.
O inquérito abrangeu 1246 pais e crianças do 3º ao 6º ano de escolaridade a viver na região Norte de Portugal. A esmagadora maioria, 87%, colocou-se no topo da escala de felicidade (de 1 a 10) que lhes foi apresentada - 57,1% no grau 10; 16,5% no grau 9; 13,7% no grau 8.
Liliana Fernandes admite que ficou espantada com alguns resultados. Na cabeça das crianças, o dinheiro é fundamental para terem bem-estar, mas isso não afecta o seu grau de felicidade: "a parte material, o rendimento dos pais e o acesso a certos bens de consumo não aparecem como tão relevantes na determinação dessa felicidade subjectiva".
No entanto, à medida que ficam mais velhas as crianças tendem a ficar menos felizes. Liliana Fernandes desconhece as razões para essa tendência, mas o dinheiro pode ter influência. Ou seja, as crianças aproximam-se dos padrões dos adultos e começam a dar mais importância às questões materiais.
Aos poucos, explica a investigadora, as crianças "observam-se a si próprias e comparam os bens de consumo que possuem, algo que pode afectar a percepção em relação ao seu grau de felicidade""
Os resultados deste estudo revelam que, ao contrário das crianças, a falta de dinheiro afecta a felicidade dos pais e estes estão muitas vezes convencidos que as questões materiais afectam a felicidade dos filhos. Liliana Fernandes sublinha, contudo, que "as crianças estão mais distantes das questões materiais do que aquilo que esses pais pensam".