Ao contrário do que se pode pensar, os recreios das escolas podem ser factores de risco ao desenvolvimento da obesidade infantil.
"As crianças passam mais tempo na escola do que em casa ou na rua. É nas escolas que elas têm mais hipótese de serem activas, mas o que temos observado é que os recreios não promovem muito a actividade física. É um dos problemas que se verificam nos novos centros escolares, onde estão muitos miúdos e a área é muito reduzida", explica Isabel Mourão, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Ao contrário do que acontecia, as balizas para jogar à bola estão a desaparecer e nem sempre os equipamentos nos pátios são suficientemente interessantes para levar as crianças a brincar. O resultado é negativo. "Os miúdos não têm as habilidades mais básicas, como correr ou pontapear." Situação que piora quando se observam as crianças obesas. "Apresentam níveis de coordenação inferior, cansam-se mais e sem sucesso preferem não brincar". Ainda assim, os rapazes são os mais activos nas brincadeiras, enquanto as meninas e as crianças obesas preferem estar sentados.
O problema começa logo no pré-escolar. "Somos muito exigentes com o clima. As crianças não vão para a rua porque está muito frio ou muito sol. E as crianças acabam por não vir para a rua. Também porque os pais têm medo de que os miúdos fiquem doentes. Brincar é uma actividade que não é nada valorizada." Segundo a responsável pelo estudo, é preciso educar pais e professores, muitos deles pouco interessados na actividade física porque eles próprios também não gostaram de a fazer.