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Crianças: Negligência é o maior flagelo
02-06-2009
IOL Diário
"A negligência é o grande flagelo, em Portugal, quando se fala de crianças em risco. Há muitas a viver situações de negligência, mais do que maus tratos", defendeu esta terça-feira a especialista Maria Manuela de Amorim Calheiros, durante a conferência internacional "Cuidar a Criança: inovação e desafios" que decorreu durante dois dias na fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

"Negligência e maus tratos são muito diferentes. Maus tratos são um acto e negligência uma omissão", explicou a investigadora. Além disso, os "maus tratos podem ser físicos e psicológicos, tal como a negligência pode ser falta de provisão (cuidados físicos) e falta de supervisão (cuidados psicológicos)".

Mas de uma coisa a especialista não tem dúvidas: "As consequência da negligência para as crianças, a médio e longo prazo, são gravíssimas. Um pouco ao contrário dos maus tratos, a negligência passa de geração em geração e é muito mais difícil de intervir nestas situações". E, em Portugal, este casos rondam "os 50 por cento".

Maria Manuela de Amorim Calheiros, doutorada em Psicologia Social, Ambiental e Comunitária, com uma vasta experiência de formação, ensino e investigação na área apresentou, na conferência internacional, três estudos que de, alguma forma, representam o retrato das crianças em risco e que revelam alguns dados curiosos.

"Casos não estão a aumentar"

A também professora no departamento de Psicologia Social e das Organizações do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), esclareceu desde logo que o número de casos no país "não estão a aumentar". A justificação é simples: "O que aumentou foi o número de comissões de protecção de menores e, ainda, o facto destas produzirem relatórios e os enviarem às devidas entidades para serem contabilizados".

Se era de esperar que as mulheres considerassem "mais graves" que os homens os maus tratos e a negligência, a diferença entre estatutos sociais surpreende. As mães de classes sociais mais baixas "tendem a considerar mais importantes os cuidados básicos para os seus filhos como, por exemplo, dar-lhes de comer ou ter água quente para tomarem banho". Por outro lado, as mães de classes média "tendem a dar prioridade aos cuidados psicológicos como, por exemplo, tempo para estar com os filhos".

É ainda de salientar que "quanto mais velhos forem os pais, menos abusos cometem em relação aos filhos", explicou a investigadora. Em seguida, destacou uma tendência dos dias actuais: "O número de pais adolescentes (menos de 18) mal tratantes tem aumentado muito".

Crianças até aos cinco anos são as mais negligenciadas"

O número de situações de risco é também "maior nas zonas rurais e suburbanas, que nas urbanas". Tal como, "é mais provável uma criança negra ser sinalizada pelos serviços de protecção de menores, que uma criança branca".

Um facto, que levou a investigadora a deixar um alerta a todos os técnicos da área: "Também é mais provável que seja sinalizada uma criança com um comportamento que incomoda, do que aquelas que não manifestam ruído pelos maus tratos que sofrem e tendem para a passividade".

Apesar de as crianças dos zero aos cinco anos de idade serem as mais negligenciadas, a especialista revela que "nestas idades os actos parentais não são os mais graves" e confessa que a tendência actual "é a de aumentarem os casos de menores, com menos de dois anos, mal tratados".


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