A Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN) lamentou esta quarta-feira que o Governo "continue a esquecer-se" que as despesas dos pais aumentam à medida que avança a idade dos filhos, numa reacção ao anúncio de investimento em novas creches.
"As medidas que o Governo tem tomado são positivas, mas escassas e desastradas. O Governo continua a esquecer-se que os filhos dão mais despesa quanto maior é a sua idade", disse à agência Lusa o presidente da APFN, comentando o anúncio de investimento de cerca de 100 milhões de euros na construção de novas 75 creches e de mais 760 salas para o sistema pré-escolar nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou estes investimentos na abertura do debate quinzenal, na Assembleia da República, dedicado ao tema dos equipamentos sociais nas áreas metropolitanas.
Para o presidente da APFN, Fernando Ribeiro e Castro, os apoios às famílias não podem reduzir-se à primeira infância, recordando que o aumento do abono foi decidido até aos filhos completarem três anos.
"O terceiro aniversário de uma criança passou a ser uma data bastante triste para a família", afirmou, sublinhando que é necessário, por exemplo, baixar o IVA de alguns produtos essenciais para as crianças, como as cadeirinhas de protecção para os automóveis.
Fernando Ribeiro e Castro lamentou ainda que o ministro do Trabalho ainda não tenha enviado à APFN os estudos que o governante afirma ter e que indicam que uma criança dá mais despesa aos pais até aos três anos de idade.
"Espero que o Governo não esteja a seguir o modelo alemão dos anos 20 e 30, no tempo de Hitler, em que a função paternal apenas era apoiada durante os primeiros anos de vida. Não será o desejo do Governo que os pais abandonem os filhos quando eles fazem três anos", comentou.
Em relação aos projectos de construção que anunciou hoje no Parlamento, o primeiro-ministro referiu que as novas creches serão lançadas ao abrigo de uma nova fase do programa PARES, "dirigida exclusivamente às áreas metropolitanas".