Que não haja dúvidas, detesto putos!
Detesto-os porque são mais novos do que eu. E não posso com isso!
Além do mais, há demasiados putos! E fazem muito barulho a divertir-se!
Quando pedem que lhes conte uma história… …acreditam em tudo o que digo!
Aprendem depressa coisas incrivelmente difíceis.
Ainda por cima, têm tempo para não fazer nada… …a não ser palermices.
Mas quando lhes dou umas palmadas, eles choram e eu fico muito triste.
E dormem demasiado bem. Ou então, têm medos ridículos.
Também os detesto porque quase nunca estão doentes. Mas quando ficam doentes a sério, tornam-se o centro do mundo.
Comigo, não é assim!
Detesto os putos; vêem coisas que eu já não vejo!
Detesto especialmente aqueles que mamam…
e aqueles que se tornam como as mães cedo demais.
Além de tudo isto, os putos gostam muito dos animais.
E quando gostam muito uns dos outros? Então aí, adeus discrição!
Detesto os putos porque não os consigo esquecer…
Mas quando vemos um, esquecemo-nos do que é velho. E não suporto isso!
Quando se põem a cantar em conjunto, é tão bonito que até choro. E detesto parecer-me com um puto que chora.
Como detesto a franqueza deles!
E, como se não chegasse, segundo dizem, eles desenham melhor do que eu.
Conclusão: detesto os putos…
porque mesmo se lhes digo que os detesto, eles gostam ainda mais de mim!
Pef
Moi, j’ai horreur des gosses!
Paris, Albin Michel Jeunesse, 1998
(Tradução e adaptação)