Hoje de manhã, a Mamã gritou tanto que... me partiu todo.
A minha cabeça voou para o espaço.
O meu corpo mergulhou no mar.
As minhas asas perderam-se na selva.
O meu bico desapareceu na montanha.
As minhas nádegas aterraram em pleno centro da cidade.
As minhas patas não saíram logo do sítio, mas, de repente,
foi "patas para que te quero"!
Quis procurá-las, mas tinha os olhos no espaço.
Quis gritar, mas o meu bico desaparecera na montanha.
Quis voar, mas as minhas asas tinham-se perdido na selva.
Cansadas de correr, as minhas patas pararam finalmente no deserto do Saara, quando uma sombra inquietante se estendeu sobre elas…
Era a Mamãzanga!
Tinha encontrado todos os meus outros pedaços
e cosera uns aos outros.
Num instante, apanhou as minhas patas e juntou-as ao resto.
- Desculpa, meu pequenino! - disse a Mamãzanga,
enchendo-me de mimos.
Jutta Bauer
Mamancolère
Paris, Autrement, 2000
(Tradução e adaptação)